sábado, 29 de outubro de 2011

CICLOS DA VIDA

CICLOS DA VIDA

“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se não o fizerem ali?”


Há alguns anos atrás, Dr. Olinto, cidadão formiguense que trabalha com essências e florais, além de ser uma pessoa que possui grande simpatia e respeito da sociedade formiguense, nos brindava também com interessantes artigos, publicados no principal jornal de nossa cidade.

Articulista de grande potencial e sabedoria, nos oferecia, além de informações sobre elementos naturais, textos repletos de mensagens otimistas, enriquecidos com conceitos filosóficos que nos convidavam a reflexões sobre fatos que permeiam nossa rotina diária.

Inesperadamente, Dr. Olinto surpreendeu a todos com a notícia de que sua permanência em Formiga chega ao fim. Segundo ele, depois de um determinado tempo em nossa vida, seja exercendo um trabalho ou atividade filantrópica, torna-se necessário parar. Precisamos dar um “stop”, fazer um balanço das ações desempenhadas e analisar se houve crescimento ou retrocesso.

Porém, o que mais me chamou a atenção é que, segundo ele, este ciclo que terminou deve ser finalizado de maneira categórica, e o próximo projeto tem que ser executado de preferência em outro lugar. Sugeria inclusive a opção de mudar a atividade.

Não sei por onde anda Dr. Olinto. Deve está por aí, colaborando com alguma comunidade em algum lugar, dividindo seus conhecimentos com a sociedade. O que sei é que estou usando de sua  sabedoria para respaldar  decisões que serão tomadas com relação aos ciclos e às etapas da minha vida.

Hoje vendi minha câmera fotográfica. Desfiz-me da principal ferramenta que me fazia ser fotógrafo. Já não era mais uma máquina “top de linha”, mas estar com ela significava uma possibilidade – ainda que remota - de retorno ao glamour do mundo da fotografia.  Estou chateado, sim. Talvez até sem razão, porque já havia me desfeito de outros elementos  importantes, como o estúdio, peças que compunham  um ponto comercial fotográfico.

O fato é que já faz muito tempo que não exerço e nem pratico os exercícios que levam o fotógrafo a capturar artisticamente o assunto escolhido. Somem-se os meses sem postagens, neste blog, de assuntos relativos à fotografia.  Apesar de o meu afastamento ser justificado, sinto certo desconforto por não estar cumprindo meu papel de “blogueiro fotográfico”  de maneira satisfatória.

Acho que Dr. Olinto tem razão com relação a esse assunto sobre ciclos da vida. Na minha trajetória, acabei por mudar radicalmente algumas vezes. Quando jovem, ingressei na Polícia Rodoviária. Claro que não achava que fosse uma temporada e sim algo “para sempre”. Devido às agruras da vida militar, e depois de certo tempo de funcionalismo, mudei completamente de rumo. Contrariando a lógica atual, abri mão da estabilidade e da segurança oferecida pelo serviço público e, sem hesitar, fechei aquele ciclo.

Resolvi abraçar o universo que o setor de vendas oferecia. Fui vendedor durante alguns anos e mais tarde alcancei o cargo de supervisor. Depois de alguns anos aconteceu mais um fechamento de ciclo. É verdade que nesta última mudança houve influência de outros fatores como a mudança da família, retornando para esta cidade.

Tornei-me fotógrafo profissional. Nesse novo caminho, pesaram certo conhecimento que já possuía como praticante apaixonado de fotografia amadora. Iniciei novo caminho, totalmente diferente do outro.

Fotografia é a atividade que mais marcou meu trabalho e ainda enriquece minha vida. Constitui o melhor dos ciclos por mim empreendido. O trabalho com a fotografia foi o que mais incentivou meu crescimento em relação à família, à sociedade e à comunidade próxima. O contato mais profundo com esta arte contribuiu para que minha sensibilidade aflorasse e a relação com os outros fosse amadurecida. Além da evolução do respeito mútuo, os compromissos eram executados com alto profissionalismo, resultando na satisfação dos clientes e do profissional.

Entretanto, caros amigos, este ciclo também chegou ao fim. Chegou a hora de tomar coragem e registrar o final desta era. Não consigo mais produzir fotografia e não me julgo mais capaz de me atualizar sobre o assunto. Consequentemente, o blog ficaria cada vez mais carente de informações e material específico sobre o assunto.

Na atual conjuntura, faz se necessário encarar meu novo ciclo que, como os outros, é totalmente diferente dos anteriores.  Por ora, devido ao conjunto de acontecimentos que envolvem minha saúde, torna-se importante me dedicar exclusivamente aos meus tratamentos.


Continuarei postando informações minhas e dividindo emoções e experiências. Se alguém quiser saber como estão indo as coisas em relação a mim, é só continuar acessando o mesmo endereço.  O layout do blog irá mudar devagar para um visual diferente, de uma forma que vá se descaracterizando em relação ao último ciclo, ou seja: a fotografia.

Sinto-me totalmente realizado no trabalho exercido na profissão de fotógrafo. Agradeço ao apoio que recebi de todos. O blog foi um sucesso e o feedback foi registrado quase sempre no espaço dedicado aos comentários. O blog foi a coroação do antigo ciclo.


Importante ressaltar que, apesar de tratar de assuntos difíceis, o novo perfil do blog não terá características tristes - nem pretende ser objeto de divulgação dos acontecimentos vividos por mim. O que pretendo é continuar me comunicando com os amigos que já possuo, adquirir novas amizades e podermos crescer juntos, nos apoiando mutuamente.


Abraço a todos os que foram meus clientes e a todos que são leitores. A partir de agora, declaro aberto o novo ciclo. Abraço especial aos 26 seguidores que registraram seu perfil.

Obrigado pelos quase 6000 acessos registrados até hoje

Assim como comecei, encerro este“post” com um texto de Fernando Pessoa, que vale a pena ser lido:

Abraços a todos,

Gilberto Lobato - 29/10/2011 - Fim de Ciclo.
 
                                                                                                        Ciclos da Vida  
                                                                                                            Fernando Pessoa





"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrar ciclos, fechar portas, terminar capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outra cidade? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer a si mesmo que não dará nem mais um passo, enquanto não entender as razões que levaram certas coisas que eram tão importantes e sólidas em sua vida, a serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, seus irmãos. Todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará. Não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!), destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração, e o desfazer-se de certas lembranças, significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto, às vezes ganhamos, e às vezes perdemos... Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu génio, que entendam o seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso estará apenas o envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante encerrar ciclos, não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.
Deixe de ser quem era, e transforme-se em quem é. Torne-se uma pessoa melhor e assegure-se em quem é. Torne-se uma pessoa melhor e assegure-se de que sabe bem quem é antes de conhecer alguém e de esperar que ela veja quem você é.
E lembre-se: tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."






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